terça-feira, 31 de março de 2015

USE FILTRO SOLAR

Filtro solar!
Nunca deixem de usar o filtro solar
Se eu pudesse dar só uma dica sobre o futuro seria esta:
Usem o filtro solar!
Os benefícios a longo prazo
Do uso de filtro solar estão provados
E comprovados pela ciência
Já o resto de meus conselhos
Não tem outra base confiável
Além de minha própria experiência errante
Mas agora eu vou compartilhar
Esses conselhos com vocês...

Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude.
Ou, então, esquece...
Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado.
Mas pode crer, daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotos
E perceber de um jeito que você nem desconfia, hoje em dia, quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente
E como você realmente tava com tudo encima
Você não tá gordo, ou gorda

Não se preocupe com o futuro.
Ou então preocupe-se, se quiser, mas saiba que preocupação
É tão eficaz quanto mascar chiclete
Para tentar resolver uma equação de álgebra.

As encrencas de verdade da sua vida tendem a vir de coisas que nunca passaram pela sua cabeça preocupada
E te pegam no ponto fraco às 4 da tarde de um terça-feira modorrenta
Todo dia, enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade.
Cante.

Não seja leviano com o coração dos outros.
Não ature gente de coração leviano.
Use fio dental.
Não perca tempo com inveja.
Às vezes se está por cima,
Às vezes por baixo.
A peleja é longa e, no fim,
É só você contra você mesmo.
Não esqueça os elogios que receber.
Esqueça as ofensas.
Se conseguir isso, me ensine.
Guarde as antigas cartas de amor.
Jogue fora os extratos bancários velhos.
Estique-se.

Não se sinta culpado por não saber o que fazer da vida.
As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam,
Aos 22, o que queriam fazer da vida.
Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem.
Tome bastante cálcio.
Seja cuidadoso com os joelhos.
Você vai sentir falta deles.

Talvez você case, talvez não.
Talvez tenha filhos, talvez não.
Talvez se divorcie aos 40, talvez dance ciranda em suas bodas de diamante.
Faça o que fizer, não se auto congratule demais, nem seja severo demais com você.
As Suas escolhas tem sempre metade das chances de dar certo, é assim pra todo mundo.
Desfrute de seu corpo, use-o de toda maneira que puder, mesmo!
Não tenha medo do seu corpo ou do que as outras pessoas possam achar dele
É o mais incrível instrumento que você jamais vai possuir.
Dance! Mesmo que não tenha aonde além de seu próprio quarto.
Leia as instruções, mesmo que não vá segui-las depois.
Não leia revistas de beleza, elas só vão fazer você se achar feio!

Brother and sister
Together we'll make it through
Someday a spirit will take you
And Guide you there
I know you've been hurtin'
But I've been waiting to be there for you
And I'll be there just helping you out
Whenever I can

Dedique-se a conhecer os seus pais.
É impossível prever quando eles terão ido embora, de vez.
Seja legal com seus irmãos. Eles são a melhor ponte com o seu passado
E possivelmente quem vai sempre mesmo te apoiar no futuro.
Entenda que amigos vão e vem, mas nunca abra mão de uns poucos e bons.

Esforce-se de verdade pra diminuir as distâncias geográficas e de estilos de vida.
Porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem
More uma vez em Nova York, mas vá embora antes de endurecer.
More uma vez no Havaí, mas se mande antes de amolecer.
Viaje.

Aceite certas verdades inescapáveis: os preços vão subir, os políticos vão saracotear, você, também, vai envelhecer.
E quando isso acontecer..
Você vai fantasiar que quando era jovem os preços eram razoáveis,
Os políticos eram decentes
E as crianças respeitavam os mais velhos.
Respeite os mais velhos. E não espere que ninguém segure a sua barra.
Talvez você arrume uma boa aposentadoria privada,
Talvez case com um bom partido, mas não esqueça que um dos dois pode de repente acabar.

Não mexa demais nos cabelos, senão quando você chegar aos 40, vai aparentar 85.
Cuidado com os conselhos que comprar,
Mas seja paciente com aqueles que os oferecem.
Conselho é uma forma de nostalgia.
Compartilhar conselhos é um jeito de pescar o passado do lixo, esfregá-lo,
Repintar as partes feias e reciclar tudo por mais do que vale.
Mas no filtro solar, acredite!

Brother and sister
Together we'll make it through
Someday a spirit will take you
And Guide you there
I know you've been hurtin'
But I've been waiting to be there for you
And I'll be there just helping you out
Whenever I can

Everybody is free.. (3x)

Filtro Solar
Pedro Bial

sábado, 28 de março de 2015

A IMPORTÂNCIA DO “OUTRO”


As grandes obras humanas – quer materiais, quer espirituais – são sempre, de alguma maneira, de caráter coletivo. Ninguém nunca fez, faz ou fará o que quer que seja absolutamente sozinho. Dependemos, do nascimento à morte, de uma forma ou de outra, do “outro”.

O homem, ao nascer, é um dos animais mais frágeis e desprotegidos da natureza (se não for o mais). O cavalo, o boi, o cão, o gato etc., por exemplo, minutos depois de paridos, já conseguem se pôr de pé e caminhar sozinhos, posto que trôpegos e vacilantes. Um bebê humano, contudo... Leva semanas apenas para sustentar a cabeça, meses para sentar, outro tanto para engatinhar e por volta de um ano para dar os primeiros passos. Requer cuidado, atenção e ajuda nos mínimos atos, ao longo do seu processo de desenvolvimento físico e mental, sob risco de sequer sobreviver.

Contudo, a despeito dessa perpétua dependência, raramente valorizamos, de verdade, o “outro”. Mesmo em obras do espírito, nas mais requintadas idéias que elaboramos, há constante contribuição alheia.
A totalidade do nosso conhecimento, por exemplo, é fruto da experiência de gerações e mais gerações que nos antecederam e nos é transmitida pelos pais, pelos mestres, pelos filósofos, pelos escritores etc. etc. etc. Ou seja, por algum “outro”

Tudo o que pensamos fundamenta-se em pensamentos anteriores de alguém. E nenhuma elaboração mental nossa faria o menor sentido se não pudesse, ou se não viesse a ser compartilhada com alguém. Ou seja, com o “outro”.

O filósofo Emmanuel Kant, num dos seus textos, indagou a propósito: “Para onde iriam nossos pensamentos e qual seria sua justeza se não pudéssemos pensar de algum modo em comunidade com os outros; a quem comunicaríamos nossas reflexões, assim como eles informariam de suas idéias?”. A resposta é óbvia. Seriam inúteis, sem nenhum sentido e valor, mera perda de tempo.

Há, todavia, determinadas ações que nos competem com exclusividade: as escolhas. Dependendo do que, como e quando escolhermos, iremos arcar com as respectivas conseqüências. Se escolhermos o positivo, o construtivo e o útil (para nós e para quem dependa do nosso cuidado), teremos, como contrapartida, a evolução material e/ou espiritual. Em caso contrário...

Costumamos pedir, amiúde, aos outros (pais, mestres, amigos, sacerdotes, conselheiros matrimoniais etc.) que nos apontem os caminhos que devemos seguir. Esta, todavia, reitero, é uma escolha que nos cabe com exclusividade. Podemos (e devemos) ouvir sugestões, é verdade, mas estas devem ser encaradas, apenas, como tal. A escolha sempre será somente nossa.

Pior quando pedimos a um poeta, que não costuma ser prático nas suas atitudes e enxerga o mundo sob uma ótica diferente da maioria, que nos aponte um caminho a seguir. Aí é que as coisas podem se complicar de vez (ou não, se estivermos dispostos a arcar com as conseqüências).

Nós, e apenas nós e mais ninguém, somos os únicos com condições de conhecer, por minimamente que seja, o que mais nos convém, de acordo com nossa personalidade, anseios e talentos. É certo que há conselhos que salvam, no entanto, estes são bastante raros. Na maioria das vezes, quem nos aconselha está mais sem rumo do que nós, perdido em contradições, baseado em informações furadas, sem exatidão ou conteúdo.
O que temos que fazer com maior constância é darmos ouvidos ao nosso coração, estabelecermos metas factíveis, atentarmos para a intuição e seguirmos em frente.

Adolfo Casais Monteiro, no poema “Permanência”, faz este alerta nestes versos: “Não peçam aos poetas um caminho. O poeta/anda aos encontrões da realidade/sem acertar o tempo com o espaço”.

Da minha parte, não pedi conselhos a nenhum poeta. Ponto para mim! Todavia, para complicar, sou um deles. Sou alimentado por sonhos e grandiosos ideais. Mas estou consciente da minha fragilidade individual, por isso busco firmar alianças. Amiúde me dou mal.
Contudo não considero nenhum dos sonhos que me embalaram a juventude morto. Adormecidos, talvez, muitos (quem sabe a maioria) estejam.

Sigo batalhando por eles e não apenas por alguns, mas por todos. Tenho a prudência, contudo, de acumpliciar uma infinidade de pessoas nessa empreitada. É dessa soma de vontades que extraio a minha força. Estou absolutamente consciente da importância do “outro” e quanto mais gente puder arrebanhar para as minhas causas, melhor será.

É certo que os sonhos que aparentam possibilidades mais fáceis de concretização, recebem maior atenção da minha parte, até por questão de organização de prioridades. Porém, sigo imbuído de fé. Tenho infinitas esperanças. E, sobretudo, amo! Sou feliz à minha maneira, embora não o tempo todo (porquanto isso é impossível).

Procuro espalhar alegria e otimismo por onde passo; busco ser o “outro” indispensável na vida de quem as circunstâncias colocam em meu caminho e sou infinitamente grato aos amigos, aos parentes e até aos inimigos, que apontam minhas deficiências e erros, me permitindo sanar as primeiras e corrigir os segundos.

Minha mente e meu espírito estão repletos de vida e sou grato a Deus por tudo o que me acontece, até mesmo pelas coisas ruins, das quais aprendi a extrair lições. Faço minhas, portanto, as palavras do poeta português Adolfo Casais Monteiro, que citei acima, e que afirmou, num dos seus versos: “Não tenho lugar para nenhum cemitério dentro de mim”. Destaco: ele é mais um dos meus tantos “outros”.



PEDRO J. BONDACZUK