domingo, 11 de janeiro de 2015

Olhando para o céu para se enxergar....

Meu cachorro  tenta brincar ou brigar com o seu reflexo no espelho. Também já vi um pássaro atacando  repetidamente o pássaro que aparece no retrovisor de um carro estacionado, protegendo seu ninho contra um invasor imaginário.  Então fico pensado que  gigantesco salto de abstração permite a um chimpanzé ou bonobo, que teve uma fita adesiva colada em sua testa enquanto dormia, ver-se em um espelho e levar imediatamente a mão à fita? O que permite a ele olhar e saber sem esforço ou raciocínios complexos: "aquele sou eu!"

​O que nos impede de reconhecer, sem esforço, sem um grande salto de abstração, que a liberdade que se concede a si mesmo, mas que se nega ao outro, é negada também a si mesmo. Quem é mais prisioneiro? Aquele que está atrás das grades ou aquele que se dedica a manter o primeiro lá?

​O que nos impede – a nós – esse reconhecimento imediato: 'Eu sou como você', quando encontramos outro ser humano? O que nos impede de perceber algo assim simplesmente com um bater de olhos? Pois algo que acontece longe de nossa vista ou da qual temos pouca informação dificilmente nos provoca empatia e solidariedade.

​Certamente somos uma espécie em evolução e muito ainda é inconcebível para nós. Afinal, por que é que este minúsculo cérebro centrado neste ponto do espaço-tempo deveria ser capaz de entender os confins inimagináveis do universo? Por que nós sempre supomos que o nosso ponto de vista é de alguma forma privilegiado? Nosso ponto de vista é apenas isso: o nosso ponto de vista.

​Observar o mundo. Não basta, então, apenas olhar. É preciso uma coisa a mais. Olhar para o longe e olhar para o perto. Sim. Olhar para o que está fora e para o que está dentro. Também. Mas o que falta além do olhar?

Talvez, se quando nossos olhos se voltarem para o céu, com eles fosse também o nosso coração...

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