Recusar algo, seja um pedido ou uma tentação, pode ser especialmente difícil: se você se recusa a ajudar um colega (para não prejudicar seu próprio trabalho), pode se passar por antipático ou egoísta; se você se recusa a pedir uma sobremesa no restaurante (para economizar dinheiro e/ou não atrapalhar sua dieta), pode sentir que está sendo “duro demais” consigo mesmo.
Por outro lado, uma recusa pode lhe dar mais tempo para focar em outras atividades ou até mesmo melhorar sua saúde (como no caso de recusar uma sobremesa ou se negar a faltar na academia). Com base em estudos, o articulista James Clear montou um guia científico para ajudar os leitores a aprender a dizer “não”.
“Não posso” x “não vou”
Em uma pesquisa, cientistas reuniram 120 estudantes e os dividiram em dois grupos: em um deles, o participante teria que dizer a si mesmo “não posso” quando fosse recusar uma tentação; no outro, o participante diria “não vou”.
Depois de praticar a estratégia por um tempo (“não posso comer esse doce”, “não vou comer esse doce” etc.), os participantes responderam a um questionário genérico e, antes de ir embora, puderam escolher entre ganhar um chocolate ou uma barra de cereal.
“Os estudantes que disseram a si mesmos ‘não posso’ escolheram o chocolate em 61% dos casos. Por outro lado, os que disseram ‘não vou’ escolheram o doce em apenas 36% dos casos”, escrevem os autores, em artigo publicado no Journal of Consumer Research. “Essa simples mudança de terminologia aumentou significativamente as chances de que a pessoa escolhesse um alimento mais saudável”.
Autocontrole e persistência
A mesma equipe realizou outro estudo, dessa vez com 30 voluntárias, convidadas a participar de um “seminário de saúde e bem-estar”. Cada participante informou um objetivo relacionado a saúde que pretendia alcançar a longo prazo. Em seguida, elas foram divididas em três grupos: o primeiro foi instruído a apenas dizer “não” (sem uma estratégia específica) diante de uma tentação de adiar o objetivo; o segundo foi instruído a usar a técnica do “não posso” diante das tentações que atrapalhassem o objetivo; por fim, o terceiro foi instruído a usar a técnica do “não vou”.
Ao longo de dez dias, elas recebiam um e-mail dos pesquisadores, perguntando sobre seu progresso e lembrando-as de como deveriam lidar com a vontade de desistir. Se a tática simplesmente não funcionasse, bastava avisar aos pesquisadores.
No primeiro grupo (“não”), apenas 3 participantes persistiram no programa; no segundo (“não posso”), apenas 1. Os melhores resultados foram atingidos pelo terceiro (“não vou”): 8 persistiram ao longo dos 10 dias de estudo.
Por que dizer “não vou” ao invés de “não posso”?
Talvez pareça exagero, mas, como mostraram os resultados dos dois estudos, a escolha entre expressões muito similares pode fazer toda a diferença.
De acordo com Heidi Grant, diretora do Centro de Ciência da Motivação da Universidade de Columbia (EUA), o segredo está na maneira como sua mente compreende essas expressões. “‘Não vou’ é experimentado como uma escolha, então traz uma sensação de poder. É uma afirmação da sua determinação e força de vontade”, explica. “‘Não posso’ não é uma escolha. É uma restrição, algo imposto a você. Por isso pensar ‘não posso’ pode minar seu senso de poder e controle pessoal”.
Com o passar do tempo, dizer “não” pode se tornar mais fácil ou mais difícil, dependendo das palavras que você usar. Quais você prefere? [Journal of Consume Research, Lifehacker]
Fonte: HypeScience
Fonte: HypeScience
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