– RABINO KALMAN PACKOUZ
A vida é cheia de frustrações, dificuldades e mágoas. Entretanto, o sofrimento é opcional. Todos temos controle sobre as nossas emoções – se ‘dominarmos’ o momento e não deixarmos as emoções ‘andarem’ por conta própria.
Algum tempo atrás meu filho entrou correndo em meu quarto-escritório, tarde da noite, dizendo: “Venha rápido! Tem alguma coisa errada com o fogão”. Corri para a cozinha e todos os 4 queimadores estavam ‘clicando’ como se quisessem se acender, o fogão estava extremamente quente e os botões haviam se derretido! Afastei o fogão da parede, desliguei o gás e desconectei a tomada elétrica. Minha esposa havia colocado o fogão no modo auto-limpante e alguma coisa evidentemente havia dado errado.
No dia seguinte, o rapaz da assistência técnica me informou que o fogão estava com defeito e, embora fosse algo reparável, ele aconselhou a nunca mais utilizar a função auto-limpante novamente. Imediatamente liguei para a Sears, a loja onde comprei o fogão: “Já que não está mais na garantia, ligue para a firma Kenmore, o fabricante do fogão”, eles disseram. Kenmore me informou que eles são ‘apenas uma marca fantasia’ e que o meu fogão havia sido fabricado pela Frigidaire. A Frigidaire me orientou a ligar para a Eletrolux, que havia adquirido-os no ano anterior. E a Eletrolux me falou para ligar para a Husqvarna, uma companhia sueca, que havia adquirido-os recentemente. E qual foi a resposta da Husqvarna? “Por que está nos contatando? Você comprou o fogão na Sears!”
Todos nós passamos por frustrações na vida. A questão é: como lidamos com elas? Ficamos furiosos? Deprimidos? Um ataque de nervos? Como deveríamos reagir aos eventos que nos aparecem para que não arruinemos o nosso dia a dia?
Se não ‘enquadrarmos’ os momentos que vivemos, eles irão nos ‘enquadrar’. Ou seja: a vida é cheia de frustrações, dificuldades e mágoas. Entretanto, o sofrimento é opcional. Todos temos controle sobre as nossas emoções – se ‘dominarmos’ o momento e não deixarmos as emoções ‘andarem’ por conta própria. Se alguém derramou acidentalmente café em nós, podemos inicialmente ficar zangados. Entretanto, ao constatar que foi o patrão ou aquela pessoa especial que queríamos encontrar, é espantoso o quão rápido podemos controlar a nossa raiva!
Pela perspectiva da Torá, existe um significado em tudo o que acontece em nossas vidas. O Todo-Poderoso presenteou cada ser humano com um corpo e uma alma. É nossa responsabilidade desenvolvermos as nossas almas ao agirmos de forma correta. A vida é uma oportunidade para controlarmos os nossos instintos animalescos e trabalharmos para aperfeiçoar nosso comportamento e melhorar o mundo. Se reconhecermos e integrarmos este conceito em nossa consciência, poderemos mudar dramaticamente a maneira como percebemos e reagimos às subidas e descidas da vida.
Por exemplo: se uma pessoa volta ao local onde deixou seu carro estacionado e descobre que alguém amassou a lateral, sua tendência inicial é ficar zangado: “Como alguém pôde fazer isto e não deixar um bilhete se identificando? Meu carro foi danificado e agora vou ter que perder tempo e dinheiro para arrumá-lo!”
Porém, se vivermos nossas vidas entendendo que tudo o que acontece tem um significado e uma lição para nós, as prováveis perguntas que surgirão são: “Por que isto aconteceu? Qual o significado deste evento?” A resposta pode ser algo tão simples como: “Eu deveria ter estacionado o carro de maneira a proporcionar ao outro sujeito mais espaço para sair”, ou talvez: “Quem foi que eu prejudiquei e não assumi a responsabilidade?” Uma das maneiras que D’us se relaciona conosco é o conceito de ‘medida por medida’: o que plantamos, colhemos.
Existem consequências ao que fazemos, tanto neste mundo como no vindouro. Todos receberão recompensa por seus bons atos e o contrário por suas transgressões, a menos que se arrependa, faça Teshuvá. Para isto, além do arrependimento, a pessoa precisa restituir qualquer prejuízo causado, pedir desculpas, fazer um plano para não cometer os mesmos erros no futuro e pedir perdão a D’us, também.
Parte de nosso aborrecimento quando sofremos uma perda monetária é que ela vem de maneira inesperada, pois realmente não esperávamos tal prejuízo financeiro. Uma sugestão para evitar este ‘chateamento’ é: se a pessoa mentalmente separar uma soma de dinheiro para reparos que precisam ser feitos de vez em quando, para repor itens que pararam de funcionar, para prevenir-se de alguém que a enganou, então não mais ficará chocada nem zangada. É o que podemos chamar de ‘Fundo Anti-Stress’.
Ah, e se você está curioso, querido(a) leitor(a), sobre o que fiz com o fogão, decidi que a vida é por demais preciosa para perder tempo discutindo com ‘enrolões’. Fui e comprei um novo fogão… na loja Brandsmart!
Pensamento: “Embora ficarmos ricos não esteja necessariamente dentro de nosso controle, alcançar a excelência pessoal está completamente dentro de nosso controle!” – Rabino Israel Salanter (Lituânia, 1810-1833)
RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.
NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email –meor18@hotmail.com
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