sexta-feira, 11 de julho de 2014

O macaco nu



O livro “O macaco nu”  de Desmond Morris  em seu  primeiro capítulo: Origens, discorre sobre as origens da espécie da humana,
No segundo capítulo: Sexo, o autor aborda de modo inusitado a questão sexual, efetuando uma análise zoológica descomprometida com qualquer moralidade, feita em outras espécies, mas pouco comum para o gênero humano. Neste aspecto observamos a ênfase dada pelo autor à questão sexual, podemos visualizar o quanto nosso atual modo de ser tem relações diretas com a evolução dos mecanismos reprodutivos, um exemplo polêmico disto é a abordagem que Morris dá para as mamas, ele chega a afirmar que elas possuem maior função no campo sexual do que no campo da alimentação de bebês. É nesse capítulo em que ele observa a evolução que nos levou a copular de frente um para o outro, a evolução dos lábios se posicionando no sentido “para fora”, além de não deixar passar o tamanho do órgão sexual humano que se comparado em proporcionalidade ao corpo é o maior da natureza. Há certo momento em que Morris afirma que o uso de veste, o sitiem por exemplo, é algo puramente relacionado ao sexualismo, enquanto sua função é a proteção das partes íntimas.
No capítulo Crescimento Desmond Morris aborda o produto do processo reprodutivo (Sexo): a criança. O modo como ela cresce, se desenvolve, nossas diferenças mais significativas em relação a outras espécies como, por exemplo, a grande capacidade de aprendizado por imitação que tem como um de seus maiores a fala: Aprendemos a nos comunicar muito rapidamente, expandimos nosso vocabulário numa velocidade assustadora e somos únicos neste aspecto. É neste capítulo também que descobrirmos que primeiro Choramos para depois rir, onde Desmond Morris apresenta um interessante ponto de vista a respeito da evolução do riso a partir do choro, do papel no riso no desenvolvimento da relação da mãe com o filho e de como o riso tem ligação direta com a ausência de pelo no homem. Neste capítulo também Desmond Morris aponta de maneira interessante os meios de aprendizagem: Por imitação e por curiosidade. Aponta o papel que algumas sociedades humanas têm de reprimir o meio de aprendizagem por curiosidade e como isto pode fazer com que sociedades inteiras se desenvolvam através da imitação de velhos conceitos.
No capitulo: Exploração, observamos nosso caráter exploratório, dado pelo fato de não ser especializados em absolutamente nada. Morris chega a dizer: (...) “Dentre todos os não especialistas, os macacos e símios são talvez os mais oportunistas. Constituem de fato um grupo especializado na não especialização.”
No capítulo: Agressão, entendemos um pouco melhor o que acontece com o corpo do macaco pelado quando este fica nervoso e se preparada para um combate iminente, percebemos o quanto este processo pode ser custoso fisicamente e o quanto o combate direto foi substituído paulatinamente ao longo de nossa história evolutiva por técnicas mais “inteligentes”.
No capítulo Alimentação, temos uma ressalva do caráter oportunista de nossa espécie no campo da alimentação e na ausência de especialização em algum ramo alimentar. Além disso, porém temos também a importância de nossa transformação evolutiva de herbívoros em animais carnívoros e o modo como está mudança do hábito alimentar provocou profundas mudanças em nossa espécie. As mudanças no campo da alimentação se operaram no decurso de milhares de anos e segundo o autor surpreende o fato de que mesmo com os constantes progressos tecnológicos nós ainda tenhamos mantido esses hábitos conosco nos comportando do ponto de vista alimentar de modo muito parecido com sempre foi.
No capítulo: Conforto, Desmond Morris, demonstra como as nossas relações de trocas mútuas e do sentimento de cooperação dentro da própria espécie colaboraram para a criação de um estado de conforto bem peculiar de nossa espécie. Contribuindo para esse conforto desenvolvemos sistemas de trocas amigáveis, existe neste aspecto importância especial da fala. No capítulo podemos observar como a evolução de nossa espécie colaborou de modo brutal para aumentar paulatinamente os níveis de conforto, níveis esses que posteriormente podem ser relacionados à nossas atitudes em relação a outros animais no capítulo, intitulado animais.
No capítulo Animais, Desmond Morris ressalta mais uma vez que nenhuma espécie de forma superior é capaz de não se relacionar com ao menos algumas espécies que habitem o seu mesmo território. Podem encarar-se os outros animais de cinco maneiras diferentes: como presos, como simbiontes, como competidores, como parasitas, ou como perseguidores. São basicamente relações nestes níveis que se travam entre o macaco nu e as demais espécies. Evidentemente que dado os atuais progressos tecnológicos algumas categorias estão menos em evidência como, por exemplo: Perseguidores. É mencionada ainda neste capítulo a relação do homem ao utilizar o cão como “instrumento” de caça, entre outros pontos interessantes da relação do homem com os animais.
Para nós, Desmond Morris abriu muitos caminhos sobre a evolução dos primatas, o macaco nu, mas o mais importante é que o autor deteu-se a utilização de termos excessivamente técnicos o que facilitou durante a leitura da obra sua compreensão. Mesmo em seu livro conter traços típicos da teoria evolucionista de Darwin, Desmond não enxerga esse processo apenas como um único microorganismo que originou as centenas de seres vivos existentes na biofera, isso não é fruto de não crítica à Darwin, o autor preocupa-se com cada gesto, cada feição, cada traço, cada detalhe que foram de inestimável utilização para chegarmos no estágio evolutivo em que encontramo-nos atualmente.
Outro aspecto que merece destaque é o modo que Desmond trata seu leitor. Vejamos uma afirmação que sintetiza essa idéia: “Observações engenhosas... com espírito e um estilo gracioso e fluente, o zoólogo Morris consegue empolgar o próprio animal que ele está tentando explicar”. Durante a leitura há momentos em que simplesmente esquecemos de que estamos lendo e aprendendo sobre nós mesmos. Somos os legítimos macacos nus.

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