A sua casa era frequentada por um gato selvagem que não deixava ninguém se aproximar.
Todos os dias o Chico colocava num pires alguma alimentação para ele.
Numa noite, quando retornava de uma das reuniões, um amigo avisou que o gato estava morrendo estendido no quintal. Babava muito, mas ainda mantinha a cabeça firme em atitude de defesa contra quem se aproximasse.
O Chico ficou bastante penalizado, pensando que ele poderia estar envenenado.
O amigo explicou que horas antes o vira brincando com uma aranha e que, provavelmente, ele a engolira. E sugeriu que o Chico transmitisse um passe no felino.
O gato, apesar de agonizante, estava agressivo.
Ficando à meia distância, o nosso querido amigo começou a conversar com ele.
- Olha - falou o Chico - você esta morrendo. O nosso amigo pediu um passe e eu, com a permissão de Jesus, vou transmitir. Mas você tem que colaborar, pois está muito doente. Em nome de Jesus, você fique calmo e abaixe a cabeça, porque quando a gente fala no nome do Senhor é preciso muito respeito.
O gato teve, então, uma reação surpreendente. Esticou-se todo no chão, permaneceu quieto até que o Chico terminasse o passe.
Depois, tomando-o no colo, esse admirável medianeiro do Senhor pediu que se trouxesse leite e, com um conta-gotas, colocou o alimento na sua boca.
O gato tornou-se um grande amigo e ganhou até nome.
"Estes seres que são nossos irmãos menores e necessitados, do planeta, não nos encaram como superiores, generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuando-se os animais domésticos que, por confiarem em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir, com o raciocínio embrionário, onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão".
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