sexta-feira, 28 de março de 2014

Meu caminho para o Reiki (parte 1)

Quando criança, eu, muitas vezes, olhava a realidade em que vivia como um mistério indecifrável. Tinha a sensação de que, por trás da vida normal, devia esconder-se algo mais profundo.
As explicações que os adultos me davam sobre o mundo, a vida e seu sentido, não me satisfaziam. Elas não combinavam com minhas experiências. Seguidamente eu entrava em estado meditativo e via e sentia coisas que não se encaixavam na moldura dos definidos limites do cotidiano. De onde vinha essa energia misteriosa que nos permite respirar, falar, pensar e sentir? Como era possível conciliá-la com o dia-a-dia?
Com o tempo, esqueci essas perguntas, levando aquela vida normal de que eu duvidara ser a única realidade possível e procurando encontrar o caminho para atravessar a selva da vida.
Machuquei-me, tive medo, dúvidas, vitórias e derrotas. Às vezes, a vida parecia-me um beco sem saída, terminando em lugar nenhum. Seguiam-se, então, momentos de lucidez, em que eu, abismada, olhava para trás e não sabia mais o que me confundira.
Num plano não totalmente consciente, acompanhava-me a pergunta sobre a misteriosa energia de cuja existência eu tinha absoluta certeza, mesmo não sabendo dar-lhe um nome.
Era como uma melodia mansa e familiar, bem no fundo de minha consciência.
Poucas foram as vezes que eu pude desfrutar da companhia física de um mestre iluminado ou um guru e, mesmo assim, sei que estive constantemente cercada de mestres. Naturalmente, eu não os reconhecia, porque, em minha consciência comum, não estava apta a percebê-los como mestres. Eles apareciam nos mais diversos disfarces e deparava com eles tanto nas vivências comuns do cotidiano, como em seminários, livros, meditações e sonhos.
Somente hoje tenho consciência de que cada experiência na vida é parte de um processo de aprendizado. Nós estamos sempre a caminho.
Aprendi a não considerar meu próprio modo de vida como o único certo.
Em minha vida experimentei instantes da mais completa identidade com tudo, quando conseguia me abrir totalmente ao momento presente.
O restante de minha vida, com sua rotina diária e as preocupações pelo futuro pareciam um sonho distante.
Trabalhei em comercio, escritório de contabilidade, como secretária de diretoria e como funcionaria publica. O que me pareciam formas às vezes incômodas de ganhar o pão eram, na verdade, lições importantes para meu caminho espiritual, uma espécie de aprendizado zen no cotidiano.
Precisei ajustar-me a realidades muito diversas da minha. Nesta época, reconheci que cada um vive em sua própria realidade e que a tem para si como absolutamente válida.
Em quase todas as pessoas que encontrei nesses tempos, percebi, sob a superfície, o mesmo anseio de libertar-se do aprisionamento da sua rotina cotidiana, que havia em mim mesma.
Hoje sou muito grata por essas experiências e, principalmente, pelo fato de meu caminho espiritual ter sido, por tanto tempo, tão prático e tão simples.
O dia-a-dia é um teste extraordinário para nossos vôos às alturas. Ele nos devolve sempre ao chão, para examinar em profundidade os aprendizados, as experiências de iluminação e as revelações. Cada vez tenho mais certeza de que expansão da consciência e domínio do dia-a-dia tem tudo a ver um com o outro. Isso naturalmente não implica em restringir-se ao limitado plano que rege nossa consciência comum. Trata-se muito mais de integrar cada vez mais planos e não fechar-se na torre de marfim do espiritual, nem fixar-se obstinadamente na forma de pensamento racional, linear.
Meus melhores mestres foram meus alunos. Crianças e jovens são espelhos excelentes e honestos para nossos pontos fracos. Eles percebem cada tom falso e não estão dispostos a fazer, ou aprender algo, cujo sentido eles não compreendam. Além disso, eles faziam perguntas que, a bem da verdade, não sabia responder. Que conhecimento era esse que eu transmitia?
O que eu sabia da vida e da tarefa que me cabia nela?
Entreguei-me, então, à viagem interior, de autoconhecimento.
Descobri que os livros jamais poderão substituir as experiências pessoais.
Eu precisava encontrar o meu próprio caminho.  E no meu caminho eu achei o Reiki e o Reiki tornou-se o meu caminho.
Certamente não foi coincidência, pois também ele não pode ser aprendido em livros, pode tão somente ser vivenciado e aplicado.
Minha vida tomou-se mais intensa, mais densa de acontecimentos e mais desafiadora. Encontrei muitas pessoas que me mostraram novos caminhos e novas possibilidades.
Tive que encarar minhas resistências, minhas sombras, meus medos, minhas fraquezas e minhas potencialidades.
A todo momento ultrapassava os limites estabelecidos por minha razão e meu passado. Muitas vezes, era muito doloroso, outras era mais lindo que voar.
Fiz muitas experiencias com o Reiki, também em combinação com outros sistemas de energia.
A todo momento descobri novos aspectos desta energia e, mesmo assim, o Reiki escapava a uma classificação definitiva.
A força do Reiki conduziu-me a um plano mais profundo de meu próprio ser.
Hoje são cada vez mais freqüentes as ocasiões em que consigo estar totalmente sintonizada com o momento presente, já não procurando uma felicidade específica, ou um

estado específico. Quando coloco minhas mãos sobre meu corpo sinto-me com a energia e irrestritamente acolhida por ela. É como se eu chegasse a casa. Às vezes, há também um vazio, mas ele já não me assusta, pois não é um vazio que se associe com falta de sentido e, sim, um vazio no qual estão contidas todas as possibilidades.




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