premio-hayashi-psicossomatica-reikiPrémio Hayashi de Investigação ReikiMónica Sousa é psicóloga e desenvolveu uma investigação teórica que alia a perspectiva psicossomática e o Reiki no que diz respeito à relação corpo-mente-saúde-doença. O artigo valeu-lhe o Prémio Hayashi de Investigação, entregue pela Associação Portuguesa de Reiki no passado dia 25 de Janeiro.

A psicosomática e o Reiki

Sabendo que a psicossomática encara o homem numa perspectiva holística, isto é, vendo-o como um todo composto por mente e corpo, em interacção com um contexto social, Mónica Sousa produziu uma investigação em que alia esta perspectiva à do Reiki, enquanto terapia complementar e filosofia de vida. Em entrevista ao Reiki em Portugal, a psicóloga fala da motivação que a levou a pesquisar estes temas e reconhece que “através do Reiki, o indivíduo pode entrar em contacto com seu próprio eu, o que o ajudará em termos espirituais, mas também no tratamento físico, mental e emocional”.
ENTREVISTA COM A AUTORA ;

Qual foi a sua principal motivação para desenvolver esta investigação teórica?

Este artigo de reflexão teórica surgiu de longas tertúlias com mestres de Reiki, que fomentaram em mim o desejo de aprofundar a temática, até então desconhecida. Na verdade, o artigo visou o desbravamento de caminhos encobertos de muita incerteza, desagradecimento e dubiedade, procurando trazer à luz do dia a relação entre duas temáticas controversas: a psicossomática e o Reiki.

Qual foi a receptividade dos seus colegas e professores em relação à sua pesquisa?

O desconhecimento em torno da psicossomática, bem como do Reiki, faz com que alguns dos meus antigos professores mantenham as suas reticências em torno destas temáticas. Todavia, após a leitura do artigo, os meus colegas de profissão, amigos e conhecidos compreenderam a pertinência da mesma.

Nota que os temas relacionados com as terapias complementares, nomeadamente o Reiki, estão a ter mais aceitação entre os meios académicos?

Infelizmente a receptividade destas temáticas nos meios académicos é muito criticável, possivelmente devido ao número ainda limitado de estudos nesta área. A comunidade científica, bem como alguns investigadores e profissionais de saúde (do qual destaco os enfermeiros) têm contribuído para a sua crescente idoneidade. Por exemplo, tive uma enorme receptividade por parte da Associação Portuguesa de Reiki, o mesmo já não poderei afirmar em relação à Sociedade Portuguesa de Psicossomática. Advogo que um longo caminho deverá ser percorrido.

Não é praticante de Reiki mas mesmo assim desenvolveu uma pesquisa exaustiva sobre esta terapia complementar e os seus benefícios. Ficou interessada em aprofundar o Reiki na prática?

Fiquei interessadíssima no contínuo aprofundadamento dos meus conhecimentos em torno do Reiki, bem como em conjugá-los com a minha prática clínica.

Integra o Reiki na sua prática profissional, encaminhando para esta via algumas das pessoas que segue em Psicologia Clínica?

A maioria da população junto da qual exerço a minha profissão são pessoas com lesões neurológicas adquiridas. Possivelmente, de forma errónea, algumas questões são consideradas como prioritárias, em detrimento de outras. Todavia, espero num futuro próximo integrar esta terapia na reabilitação/estimulação cognitiva.

O facto de a sociedade se agarrar àquilo que, na sua investigação, denomina como “segurança aparente da Medicina” está a dificultar que cada um encontre, dentro de si, a solução para o mal-estar da civilização descrito por Freud?

Digamos que sim, uma vez que cria a ilusão de que tudo está ao alcance de um comprimido, renegando, muitas vezes, para segundo plano a raiz do problema. Esta cultura de aceitação cega da lógica, ideologia e da prática da Medicina Ocidental reforça o ditado popular: “Pior cego é aquele que não querer ver”, pois o “ver” implicará certamente um sofrimento que a ocidental industrializada repugne. Esta questão deverá ser analisada em pormenor. A solução poderá estar dentro de nós, mas o “nós” só existe por causa de um outro. Por outras palavras, considero que mesmo dentro de nós existe um outro, que pode existir como objecto interno, o que complexifica a questão de encontrar dentro de nós a resolução para esse mal-estar civilizacional. Assim, através do Reiki, o indivíduo pode entrar em contacto com seu próprio eu, o que o ajudará em termos espirituais, mas também no tratamento físico, mental e emocional. Ao entrar em contacto com o seu próprio eu, poderá entrar em contacto com o outro e assim sucessivamente, o que certamente terá notáveis implicações nos elementos que constituem a sociedade.
Comentário de Cátia Duque, psicóloga e coordenadora do Núcleo de Santa Maria da Feira:
“Este artigo reflecte um olhar sobre a interligação entre o Reiki e a Psicossomática, dando mais um passo em frente na conquista do Reiki como terapia complementar. É importante continuar-se a mostrar, cada vez mais, o lado sério e profissional desta terapia, de forma científica e sustentada através de investigações, estudos e artigos, como é o caso deste.”
Mónica Sousa concluiu Psicologia Clínica, sub-área de especialização em Psicopatologia e Psicoterapias Dinâmicas pela Universidade de Coimbra em 2010. É pós-graduada em Psicoterapia Dinâmica Integrada e em Avaliação e Reabilitação na Neuropsicologia Clínica. Publicou 2 artigos em revistas especializadas e 3 trabalhos em actas de eventos. Possui 13 itens de produção técnica. Participou em 21 eventos em Portugal. Recebeu 1 prémio e/ou homenagem. Actua na área de Ciências Sociais com ênfase em Psicologia. Nas suas actividades profissionais interagiu com 7 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos.
FONTE : http://associacaoportuguesadereiki.com/reiki/