quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Como as experiências espirituais afetam a atividade cerebral

"Já se sabe que as experiências espirituais afetam a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática de supostamente estabelecer comunicação ou ser controlado por uma pessoa já falecida, tem recebido pouca atenção científica," disse Andrew Newberg, da Universidade Thomas Jefferson (EUA), que coordenou um estudo sobre o cérebro dos médiuns durante o exercício da psicografia.
Foram analisados 10 médiuns, cinco deles classificados como "experientes" e cinco como "menos experientes". O estudo mostrou que os psicografistas experientes apresentaram menores níveis de atividade no hipocampo esquerdo (sistema límbico), giro temporal superior direito e regiões do lobo frontal do cingulado anterior esquerdo e giro precentral direito durante a psicografia, em comparação com sua escrita normal, fora do transe mediúnico. As áreas do lobo frontal estão associadas com o planejamento, raciocínio, produção da linguagem, movimento e resolução de problemas. Os cientistas levantam a hipótese de que isto reflete, durante o transe mediúnico, uma ausência de foco, autopercepção e consciência durante a psicografia. Já os médiuns menos experientes apresentaram exatamente o efeito oposto, o que os cientistas sugerem estar associado ao maior esforço que eles fazem para executar a psicografia.
Os textos psicografados foram analisados pelos cientistas, que verificaram que os textos produzidos durante o transe mediúnico apresentaram complexidades maiores do que aqueles produzidos espontaneamente pelo próprio médium para referência, que não eram oriundos de psicografia. Em particular, os médiuns mais experientes produziram textos com maiores pontuações no quesito complexidade, que normalmente exigiriam mais atividade no córtex frontal e temporal - exatamente o oposto do que os exames verificaram. O conteúdo produzido durante as psicografias versava sobre princípios éticos, a importância da espiritualidade, e a aproximação entre ciência e espiritualidade.
"Esta que é a primeira avaliação neurocientífica já realizada dos estados de transe mediúnico revela alguns dados interessantes para melhorar a nossa compreensão da mente e sua relação com o cérebro. Estas descobertas merecem estudos mais aprofundados, tanto em termos de replicação quanto de hipóteses explicativas," concluiu o Dr. Newberg. O estudo foi orientado pelo Dr. Newberg e contou com a participação dos brasileiros Julio Fernando Peres (Universidade da Pensilvânia), Alexander Moreira Almeida e Leonardo Caixeta (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Frederico Leão (Universidade de São Paulo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário