Muitas pessoas precisam de fatores externos para encontrarem Deus dentro de si. Outras vivem um vasto período de análise intelectual sem se permitirem um momento se quer, de intuição espiritual.
Nós não podemos chegar à verdadeira experiência de Deus somente por meio da análise mental. Isto é apenas uma preliminar que deve ser ultrapassada para poder se alcançar uma certeza espiritual.
A análise mental é como um grande labirinto sem saída.
Muitas pessoas ficam presas a métodos. Os grandes mestres não estavam preocupados com grandes métodos espirituais. O maior dos terapeutas dizia somente para que se orasse sempre. Sempre quer dizer orar 24 horas por dia, durante 365 dias por ano.
As pessoas confundem oração com reza, pensam que oração e meditação é um tipo de ato externo. Os mestres não falam de atos, falam de atitude. O que é atitude? Atitude é o modo de ser, não é agir, não é fazer alguma coisa, é ter a consciência do Ser, a consciência da Presença de Deus. Isso não significa pensar em Deus.
Não adianta nada ficar pensando em Deus por que isso é apenas um ato. As pessoas não sabem distinguir entre pensar e conscientizar.
Mas o que é conscientizar? Conscientização é um estado permanente da consciência.
Pensar é uma sucessão de atos transitórios. O pensamento é sucessivo e analítico.
A consciência nada tem haver com análise, com sucessividade. Ela é um estado simultâneo, permanente do nosso ser espiritual, do nosso Eu. Eu e consciência são a mesma coisa. Ego e inteligência são outra coisa.
A inteligência pensa, a consciência conscientiza, de maneira que, orar sempre não é pensar, não é falar, é ter a consciência do seu Ser.
Naturalmente que quem se identifica com o seu ego intelectual não pode conscientizar.
Agora, aquele que já descobriu a sua alma, o se Eu espiritual, pode perfeitamente conscientizar a Presença de Deus.O evangelho diz: "Eu e o Pai somos um, o Pai está em mim e eu estou no Pai". Isto é conscientizar a Presença de Deus.
Não podemos pensar em Deus durante as 24 horas do dia, somente se não fizermos mais nada fora disto, suspender todo o trabalho profissional e pensar em Deus, mas isso não é possível.
Agora, conscientizar a Presença de Deus é perfeitamente compatível com qualquer trabalho. Podemos trabalhar em qualquer profissão, dentro de uma consciência da Presença de Deus.
Conscientização é uma coisa muito parecida com respirar. Se alguém dissesse: "Você tem que respirar sempre e nunca deixar de respirar, por que se você deixar de respirar você morrerá em cinco minutos!" Isso é natural e todo mundo o sabe! Mas se a pessoa dissesse: "Eu não posso respirar sempre por que tenho que trabalhar!"
Mas que bobagem é essa? Ora, é a mesma bobagem que estão cometendo quanto a pratica espiritual.Dizer que não podem conscientizar a Presença de Deus por que tem que trabalhar numa fábrica ou tocar um tipo de negócio.
A respiração impede o nosso trabalho? Em absoluto, pois ninguém se preocupa com a respiração, durante as suas atividades do dia. As pessoas vão dormir tranqüilamente e continuam a respirar.
A Oração Permanente de que fala o grande mestre, é uma respiração da alma e nada mais. Assim como o corpo respira constantemente para poder viver, assim a alma deve respirar constantemente para poder viver. Quem não respira espiritualmente, morre espiritualmente.
Quem não tem a consciência da Presença de Deus, não vive espiritualmente, seu viver não tem qualidade.Duas coisas são necessárias para podermos viver fisicamente: comer e respirar.Podemos deixar de nos alimentar por vários dias, através de jejuns, e não morrer, mas não podemos ficar sem respirar. Em cinco minutos, a falta de oxigênio nos mata. O oxigênio do ar é vida para o nosso corpo. Das comidas, extraímos as calorias. As calorias não são tão necessárias quanto o oxigênio.
Os mestres exigem que oremos sempre e não nunca deixemos de orar. Na nossa linguagem, podemos traduzir esta exigência por:"Tende sempre a consciência permanente da Presença de Deus", mas nunca pensando em Deus como uma pessoa.
Deus é a vida Universal do Cosmos. Esta Vida Universal nos alimenta quando vivemos dentro da consciência cósmica da Presença de Deus. Para isto, não se faz necessário pensar. É um estado de consciência.
Os grandes mestres não recomendam uma meditação intermitente, uma hora por dia, eles exigem uma meditação permanente, 24 horas por dia. Isso não no sentido de um ato, mas sim num sentido de um estado. Não no sentido de um processo analítico de pensamento, mas sim, no sentido de uma consciência simultânea e permanente.
Isto para os principiantes é difícil de compreender, mas, se você se habituar a este estado de consciência, não a uma ato de pensamento, você irá verificar que a oração permanente ou o estado permanente da Presença de Deus, não impede nenhum trabalho, pelo contrário, torna todos os trabalhos mais fáceis.
Quando alguém se habituou a viver na consciência da Presença de Deus, ele verifica que os seus trabalhos outrora antipáticos se tornam simpáticos, outrora odiados, se tornam até amados. Ele pouco a pouco descobre que o trabalhar não é dever compulsório, mas sim, um querer espontâneo. Quando alguém passa do maldito dever para o bendito querer, então está tudo resolvido, por que o grosso da humanidade só trabalha por um maldito dever. Elas dizem que infelizmente tem que trabalhar para poder viver e sustentar a si e a sua família. Quando o trabalho é um maldito dever é um trabalho antipático.
Quando o trabalho se transforma num bendito querer então o trabalho fica com gosto.Todos os grandes iniciados trabalhavam muito; nenhum deles foi preguiçoso. Nenhum deles arranjou aposentadoria permanente para não trabalhar mais. Todos trabalhavam, mas, os verdadeiros iniciados trabalhavam por um bendito querer e não por um maldito dever.
Um dos mais modernos iniciado, escreveu o maravilhoso livro A Arte de Curar pelo espírito, diz: "na primeira metade de minha vida, eu trabalhava para viver. Na segunda metade da minha vida, eu vivo para trabalhar". Note bem como ele inverteu o programa: primeiro ele trabalhava para viver, o maldito dever de trabalhar.
Com o suor do teu rosto, ganharás o teu pão. Isto é dos não iniciados.
Ele dizia que trabalhava para viver, mas que depois que entrou na iniciação espiritual, passou a viver para trabalhar. Todos nós, sem exceção, podemos chegar a este ponto. Isto vai depender do estado de consciência da pessoa, pois o trabalho é o mesmo. O que pode ser diferente é o motivo pelo qual se trabalha: ou por dever ou por querer. Dever é desagradável, querer é agradável. O dever nos faz escravos, o querer nos liberta, nos torna servidores.Quem faz o que deve é escravo. Quem não faz o que deve é um mal escravo.Quem faz por querer, faz com alegria, boa vontade, entusiasmo e amor e por isso, é livre e feliz.
A Oração permanente não impossibilita o trabalho profissional, muito pelo contrário, qualifica-o, torna-o gostoso e agradável.
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