Meu momento
triste como funcionaria publica do Tribunal de Justiça ? Tive alguns, se bem que o passado os leva com ele, mas teve
um único especial que me fez chorar muito. Aquele momento jamais
será esquecido por mim, pois senti que aquelas pessoas que defendem
a Justiça não sabiam sua forma mais elementar: o respeito e o
pior, junto com a injustiça vem a falta de educação, vem a
grosseria, os desrespeito ao ser humano.
Ainda me lembro da
“carinha de anjo” filha de um "figurão guaçuano" conhecido aqui em Mogi Guaçu, treinada para defender direitos me acusando de
louca, desequilibrada...ainda me lembro de seus gritos, de sua
acusações, de sua incapacidade de ponderar, de ouvir ... ainda me
lembro que no meio daquela algaravia, e não entendia nada do que
estava acontecendo, só sabia que pendia sobre mim uma acusação de
algo que não tinha feito, pois sequer era minha atribuição cumprir
aquela obrigação. No entanto, ainda me lembro da acusação, sem
provas da causídica de fino trato e como dói ser acusada
injustamente!
A situação do
ponto de vista técnico foi superada, simplesmente porque eu não
poderia ter feito aquilo que era acusada, mas a dor ficou, pela
humilhação pública, perante meus colegas, perante todos aqueles
que se encontravam naquela casa forense naquele dia, pelos meus
tímpanos que quase explodiram dos gritos da causídica. Muitos me
disseram que eu deveria ser drástica, seguir o caminho da lei, mas a
Lei jamais seria capaz de apagar aquele dia de mim e, tampouco,
dinheiro algum seria capaz de me dar o respeito que me foi negado
naquele momento.
Me acovardei? Sim,
mas não diante da causídica, mas diante do sistema legal que
levaria anos para me dar uma satisfação material para uma dor que
nunca será apagada, me acovardei diante da minha dor, diante da
incapacidade de reviver com detalhes aquele momento. Decidi seguir em
frente, afinal sou filha de gente que nunca estudou, mas que soube
educar e me fez forte para jamais devolver na mesma moeda qualquer
injustiça.
É engraçado
pensar que meu momento mais triste foi causado por uma pessoa que foi
educada formalmente para respeitar, respeitar direitos. No entanto,
naquele momento pude perceber que meus pais entendiam muito mais de
Justiça que aquela moça, sabiam que não se acusa sem provas,
sabiam que quem grita com o outro é aquele que não tem razão,
sabiam respeitar o semelhante.
Estou virando uma
página da minha vida e olhando com pesar que muitos sonham com
Justiça, muitos falam em Justiça, mas poucos, bem poucos, são
capazes de praticá-la, afinal, o primeiro ato do Justo é respeitar
o próximo.
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