Jean Claude Romand nasceu em 11 Fevereiro 1954 na pequena cidade Lons-Le-Saunier no leste da França, perto da fronteira com a Suíça.
Sua infância não foi diferente do de qualquer um de nós. Aluno muito bom, mesmo não sendo um fã de esportes. Não demonstrava nenhum sinal de desequilíbrio mental que pudesse chamar a atenção dos seus pais ou professores. Obteve boas notas tanto no ensino fundamental quanto médio e decidiu se matricular em uma carreira médica. No primeiro e segundo ano tudo transcorreu de forma normal até o dia do seu exame de Fisiologia, quando ele foi reprovado mas enganou a todos adulterando o resultado, e ninguém percebeu a fraude. Depois disso, ele elaborou um plano para manter o seu truque. Trancou-se em casa, lendo jornais e vendo TV, engordou 20 quilos e se apaixonou por uma prima distante chamada Florence, com quem mais tarde viria a se casar.
Depois de vários meses, seu melhor amigo Luke decidiu ver o que estava acontecendo com Jean Claude e, foi até sua casa. Nesse momento, Romand inventou sua segunda grande mentira; inventou que não tinha ido á faculdade todos aqueles meses por estar com câncer. Esta mentira trouxe-lhe o benefício da compaixão do amigo e ainda, serviu para conquistar o amor de Florence. Ele escolheu o linfoma como doença, pois esta permitia-lhe justificar os períodos assintomáticos.
Nos anos seguintes mudou completamente seus horários na universidade para passar completamente despercebido e, assim, melhor manter sua mentira inicial.. Ele convenceu todos os seus amigos que tinha recebido uma bolsa do governo francês para terminar seus estudos. E, todos os dias ia á Universidade, mas nunca entrava na sala de aula.
Falsificou documentos com as notas das avaliações e continuou a estudar todos os assuntos pertinentes ao curso de medicina para não levantar suspeitas entre os colegas. Manteve a farsa durante o período de 1975 até 1986, quando declarou aos seus amigos que havia recebido uma bolsa para trabalhar na sede da OMS na Suíça, a poucos quilômetros da cidade.
Jean Claude casou-se com Florence em 1984. E durante anos trabalhou na escola de enfermagem, porque, apesar de Romand não assistir às aulas, eles nunca parou de estudar a fim de manter a mentira. Em 3 anos de casamento, já tinha dois filhos: Caroline nasceu em 1985 e a pequena Antonie (foto superior).
Os anos seguintes decorreram na mais completa normalidade. Jean Claude ia diariamente trabalhar em seu posto na Organização Mundial da Saúde, fazia freqüentes viagens de negócios ao redor do mundo... nada de anormal para sua mulher e seus dois filhos.
E como fez para manter a farsa por tanto tempo e para tantas pessoas?
Ele ia na sede da OMS para pegar papéis com timbre e selo oficial e, em poder desses papéis ele enganava os correios, as agências de viagens, os bancos… pegava livros das bibliotecas para estudar e realizar discussões sobre qualquer tópico relacionado ao seu trabalho.
Ele apenas se recusava a fazer atendimento médico á sua família e aos amigos, como fazem tantos médicos.
Certa vez simulou uma viagem ao exterior, deixando sua esposa no aeroporto, e depois hospedou-se em um hotel próximo, onde passou vários dias, e depois voltou para o aeroporto, onde, supostamente, comprou presentes de todos os países que, supostamente, visitou, como a . Rússia, o Japão, a África do Sul… viajou meio mundo. Proibiu a todos de contata-lo durante a viagem, apenas permitia que fossem deixadas mensagem de voz, a qual ele retornaria..
Mas, então do que ele e sua família viviam?
Romand concebeu dois métodos diferentes para manter sua família e sua vida. O primeiro, conquistando respeito e admiração entre sua família e amigos devido a sua posição, e, a partir disso, passou a gerenciar todos os seus investimentos. Até mesmo seus pais e amigos próximos confiavam-lhe grandes somas de dinheiro, somas que ele investia e proporcionavam-lhe amplos ganhos. Mas o dinheiro nunca era o suficiente para ele. Então Romand lançava mão de seu segundo método de coleta e, aproveitando-se de sua fama como um médico respeitado na OMS, ele conseguia grandes doações em dinheiro com seus parentes dizendo que estava trabalhando em uma vacina contra o câncer, mas por ser um trabalho secreto, não tinha divulgação pública.
Esta situação durou 18 anos (!!???) sempre com argumentos que ele havia depositado o dinheiro em bancos suíços, onde obteriam retornos enormes, além de evitar o pagamento de impostos ao Tesouro francês. Com esse dinheiro ele cobria seus gastos excessivos: uma mansão luxuosa, uma BMW do ano, restaurantes caros e escolas particulares para seus filhos.
Foi apenas em 9 Janeiro 1993 que Jean Claude decidiu acabar com sua vida dupla. Ele foi para sua casa perto dos Alpes suíços e, depois de matar sua esposa com rolo de macarrão, matou seus dois filhos com uma escopeta de dois canos.
Mais tarde ele foi para a casa de seus pais e, depois de jantar com eles, na despedida, matou seus pais com a mesma arma que tinha utilizado para matar seus filhos. Finalmente foi para casa e tentou o suicídio tomando várias cartelas de pílulas e colocando fogo em sua casa. Seu plano de suicídio falhou, pois de forma rápida os bombeiros apagaram as chamas e salvaram sua vida, além de que as drogas ingeridas por ele não surtiram o efeito que ele desejava.
Depois de vários dias em coma, finalmente ele conseguiu se recuperar em um hospital.
Jean Claude também foi acusado pela morte de seu sogro ocorrida vários anos antes, que havia morrido em decorrência de uma queda de escadas em casa, curiosamente depois de ter perdido o seu dinheiro para seu genro Jean Claude. A morte do sogro foi inicialmente considerada como um acidente, mas após o assassinato de seus familiares a suspeita caiu sobre ele. Após a morte do sogro, a mãe de Florence (esposa de Jean Claude) vendeu a casa e deixou o dinheiro para Jean Claude administrar.
Fazendo uso de sua própria fala no julgamento ele confessou ter matado todos os seus entes queridos, porque “sua família não aceitava a verdade”.
Jean Claude Romand foi condenado à prisão perpétua por seus crimes e desde 1996 está detido e isolado em uma prisão da França.
Quantos devem existir entre nós...a enfermidade é silenciosa e sem o tratamento devido, pessoas portadoras desse mal podem, a qualquer momento, fazerem grandes estragos como tem acontecido inúmeras vezes.
ResponderExcluir