quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

“Torna-te quem tu és!”

Perdemos muita energia e um tempo enorme na tentativa inútil de agradar a todos. Lembrando que temos uma tendencia a perder tempo com pessoas que só servem mesmo para "perdemos tempo". Pois, para nossos verdadeiros amigos,  não precisamos nos esforçar para nos tornarmos aquilo que acreditamos que eles gostam, afinal amizade é um sentimento incondicional e basta apenas ser quem somos. Já os que não são nossos amigos sempre vão nos criticar e não adianta nada ficar justificando ou modificando nossa forma de ser. E sobretudo, precisamos nos respeitar para sermos respeitados pelo outro. E eu sempre digo que que o respeito por nós mesmos começa quando descobrimos os benefícios que um NÃO para outro pode ser um SIM respeitoso para nós mesmo.

Outro risco é tentarmos ser alguém que nós não somos. Pode ocorrer de ao ver uma grande pessoa, ou apenas um amigo ou familiar nós encontremos nessa pessoa o modelo de vida, e fazemos tudo para sermos igual e agradar essa pessoa. Mas o caminho da nossa felicidade passa por sermos plenamente nós mesmos, isto é, melhorar a cada dia e desenvolver os talentos que temos, afinal de contas cada ser humano é único e tem um potencial enorme, o importante é trabalhar a cada instante para esse potencial se tornar realidade. Como diz a máxima grega:

“Torna-te quem tu és!”
Píndaro, poeta grego

Eu amo essa fábula de LA FONTAINE, e acredito que todo mundo a conhece, mas como a repetição é a mãe da aprendizagem, vamos recordar o papel dos "outros" na nossa vida ?


O VELHO, O MENINO E O BURRO – Um velho camponês tendo um dia que ir até uma aldeia, pegou o burro pelo cabresto, chamou o neto e partiu.

O menino ia montando no burro e o velho levava-os seguindo adiante. Mas pouco haviam andado pela estrada poeirenta, quando um grupo de homens, ao vê-los, diz zombeteiramente:

- Olhem que coisa mais estúpida! O velho andando e um menino tão forte montado no pobre burro. Não tem cabimento! É uma falta de respeito a um pobre velho trôpego e cansado!

O velho, mais que depressa, diz ao neto:

- Menino, desce daí! Não vê que eu, pobre velho, estou cansado e minhas pernas não aguentam mais esta caminhada, enquanto você vai ai refestelado no nosso burrinho? Não ouviu como zombaram de nós?

O menino desceu e o velho montou.

Mal tinham andado mais uns poucos metros, quando outro grupo os vê e, entre risadas, o velho ouve-o dizer:

- mas que patetice tão grande! Coitada da criança, tão franzina e pequena, enquanto o velho forte é que aproveita o burrinho. Nunca se viu uma coisa igual!

O velho, mais que depressa, desce do burro e diz ao menino:

- Olha, menino, o melhor é irmos a pé, o burro que vá sozinho, e ambos vamos seguindo-o.

Mas, para cúmulo, logo se aproxima outro grupo, que, ao ver o quadro dos dois na frente e o burrinho atrás, cai em grandes gargalhadas:

- Olhem só os dois tolos! Vão sujando os pés na lama, e para que lhes serve o burro?

O velho fica impressionado ao ouvir estas palavras e mais que depressa diz ao menino:

_ Se vamos a pé, falam mal de nós, então é melhor ambos montarmos. Assim não podem nos censurar!

Mas, mal acabavam novamente de andar um pouco, ouvem outra voz ríspida que lhes grita:

- Apeiem-se, desgraçados! Querem, por acaso, matar o pobre burrinho? Quer ver que o animal não lhes pertence e, por isso, maltratam-no tanto!

O velho, mais uma vez, ouve a censura e diz ao menino:

- Não sei o que fazer; se monto, eu estou errado e sou maldoso a uma pobre criança; se você monta, isto é uma afronta para um pobre velho; e se ambos montamos, queremos matar o burro! Não entendo o mundo, mas talvez seja melhor carregar o burro às costas, assim não nos poderão dizer nada.

E mais que depressa, ajudado pelo neto, ambos ergueram o burro, e vão carregando-o.

Mas estava escrito que mais uma vez ouviriam dizer alguma coisa:

- Olhem dois loucos varridos, estão querendo pôr o mundo às avessas! Estão servindo de burros ao burro!

O velho pára e diz:

- Nunca se consegue agradar todo mundo; cada vez que ouço os outros, mais me confundo! Menino, vamos como antes, e que isto lhe sirva de lição, assim como para mim. É mais tolo quem dá satisfações ao mundo do que aquele que age segundo sua vontade.

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