Neste percurso teórico constatamos que a
psicologia mostrou-se “surda” em relação às questões da
linguagem referentes aos surdos, pois a concebeu adotando a visão
tradicional.
Essa conceituação contradiz a visão da linguagem,
enquanto constituinte do sujeito, onde este se constitui na, pela e
através da linguagem.
Coube a outras áreas como a antropologia,
sociologia e a linguística apontar um outro olhar sobre a surdez,
olhar este, que surgiu a partir do conhecimento da comunidade surda,
sua organização, bem como sua língua – a língua de sinais. E o
surdo sob um olhar onde este adquire o direito de conviver com suas
características próprias, de fazer valer os direitos civis, linguísticos culturais, étnicos, religiosos entre outros.
A linguagem visual para o sujeito surdo é a
sistematização e produto de seu desenvolvimento cognitivo e
histórico, tornando-se instrumento para a formulação de
generalizações que facilitem a transição da reflexão sensorial e
espontânea, para o pensamento racional através do uso dos signos.
Viver uma experiência visual é usar a língua de
sinais.
Os surdos têm na língua de sinais sua maior expressão.
É
através dela que a criança surda comunica-se livremente, sem
restrições, elaborando hipóteses sobre o mundo e conceituando
idéias e pensamentos.
A língua de sinais é, assim, mais que um veículo de comunicação, é um repertório de conhecimentos culturais, um símbolo de identidade social, da história e dos valores e costumes dos surdos e é considerada uma língua natural, já que existe uma comunidade que a utiliza, como um instrumento de comunicação e que compartilha uma mesma língua – a língua de sinais. Esta é, para a grande maioria de seus usuários, a única forma de realizar atividades propriamente linguísticas e, portanto, assume para a maioria dos surdos o estatuto de primeira língua. Conseqüentemente, as línguas orais – que são sistemas verbais – só podem ser adquiridas como segunda língua.
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