segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Crianças Psicopatas, Sim Elas Existem!

Uma reportagem da Revista Época, de maio de 2010, diz que um dos obstáculos para o tratamento de crianças com sinais de transtorno de conduta é o próprio tabu da maldade infantil. O senso comum afirma que as crianças são inocentes, uma crença que resulta da evolução histórica da família. Até o século XVII as crianças eram consideradas pequenos adultos e muitas nem sequer eram criadas pelos pais. No século XVIII, isso mudou. A família burguesa fechou-se em si mesma, dentro de casa. O lar virou um santuário e a criança o centro dos cuidados e das atenções. Foi o nascimento do sentimento de infância dentro de um grupo que agora tinha como laços o afeto e o prazer da convivência. Se a criança é o eixo do sentimento moderno de família, ela não pode ser má. Eis o tabu.

Um exemplo citado na revista mostra o quanto é difícil para os pais assumirem a necessidade de tratamento dos filhos. “R.”, uma gauchinha de 11 anos colocou fogo na mochila de uma colega de turma. Repreendida por professores e pais, teve como reação apenas rir. No ano anterior, fizera o mesmo com o rabo do cachorro de uma prima. Questionada, disse apenas que a prima não merecia ter um cachorro. Durante o tratamento, R. afirmou ao psiquiatra que não nutria nenhum sentimento especial em relação aos pais.
“Ela tinha um olhar frio e uma ironia extremamente precoce para sua idade. Não sentia culpa. R. me tratava como um empregado”, diz o psiquiatra sob anonimato.
Depois de um ano de tratamento, os pais acharam que ela estava melhor e que poderiam interromper as sessões.
“Ela os manipulou, e disse a mim, explicitamente, que fingiria estar melhor e conteria seus atos. Contei a eles, mas não acreditaram em mim”, afirma. “R.” jamais voltou a seu consultório.
Uma coisa é certa, não estamos mais no século 18, 19 ou 20. Estamos no século 21, e já passou da hora dos pais ficarem atentos aos seus filhos. Uma criança que nasce psicopata não tem culpa de nascer psicopata, aliás, ela não tem culpa de nada. Nesse caso, se quando adulto, ela se tornar uma pessoa insensível, manipuladora ou pior, um assassino ou assassina, podemos dizer que a culpa foram dos pais ? Alguns respondem que SIM, e defendem dizendo que eles foram negligentes o suficiente durante toda a infância do filho ao não interpretar o seu comportamento e ações, e não pode haver desculpas do tipo: “Eu nunca suspeitei … eu não sabia …”. Acreditem, os sinais que um pequeno psicopata apresenta são muito, mas muito visíveis.

Sintomas

A psicopatia pode começar a ser vista em uma criança quando ela possui uma persistente incapacidade de sentir empatia pelos outros, principalmente quando os outros estão feridos ou sentem dores. Isso pode ser o resultado de uma completa falta de sensibilidade. O mau comportamento aliado a crueldade praticadas contra animais e outras crianças também são indícios fortes de que a criança pode sofrer de psicopatia.
Segundo alguns especialistas, é possível identificar traços psicopáticos em crianças a partir dos 3 anos de idade. Outros especialistas, porém, dizem que por não ter uma personalidade ainda formada, nenhuma criança pode ser chamada de psicopata. Para os que afirmam que a psicopatia pode sim ser diagnosticada ainda na infância, o diagnóstico de psicopatia em crianças é bastante complexo, principalmente quando ela vive em um ambiente familiar complicado e violento.
Para Stephen Scott, professor do Instituto de Psiquiatria em Londres e especialista em saúde e comportamento infantil, o diagnóstico de psicopatia pode sim ser feito em crianças e já a partir dos 3 anos de idade. Para o professor, crianças psicopatas compartilham dos mesmos comportamentos de adultos psicopatas, como a combinação de comportamentos anti-sociais com insensibilidade e falta de empatia. No Reino Unido, todo ano cerca de 100 crianças são assistidas no Instituto de Psiquiatria de Londres.
“Pessoas normais entendem os sentimentos de outras pessoas e também se preocupam com elas. Se você pergunta a uma criança o que aconteceu com o pequeno Johnny, que caiu, cortou o seu joelho e gritou, tipicamente, crianças com desenvolvimento mental normal irão entender o que aconteceu e ter empatia. Crianças com transtorno de comportamento anti-social não conseguem entender ou estar na pele de outra pessoa, são insensíveis e simplesmente não se importam. Mas há uma distinção importante a se fazer: Será que a criança simplesmente não importa ou será que ela apenas não entende ? É uma distinção importante a se fazer,” diz o professor.
“Eu tenho crianças na minha clínica que não tem remorso, roubam dos seus pais e sentem prazer em enganá-los. Esse comportamento, se sustentando e generalizado, não nos dá outra alternativa se não um diagnóstico de psicopatia.
Tive um caso de uma menina de 5 anos de idade que pegou seu gatinho de estimação e jogou-o de cabeça pra baixo do segundo andar de sua casa. Ela simplesmente teve prazer em ver o animal caindo no concreto. Crueldade com animais é uma mal sinal. Isso é mais característico em crianças insensíveis e que não possuem empatia.” Diz o professor.
É importante não rotular. Crianças psicopatas mostram uma profunda e extrema raiva pelos outros. Mas essa raiva, por exemplo, é diferente de um comportamento explosivo isolado. 
“Não gostamos de rotular crianças como psicopatas. Apenas se o comportamento errante persistir, será possível dizer se a criança tem tendências psicopatas,” diz Scott.

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