terça-feira, 13 de agosto de 2013

Absurdo!!! Quando os surdos passaram á categoria humana

Estudos clínicos sobre a normalidade e a loucura abrem com Philippe Pinel a introdução do conceito de enfermidade aos loucos e aos “diferentes”. Frente a isso, os surdos passaram à categoria humana, porém, ‘enferma’. 
Entendidos como doentes pela medicina e, mais tarde pela psicologia, foram catalogados pelo saber médico, o qual conclui que eram uma ‘sub-espécie’, uma ‘anomalia’ que deveria ser erradicada.
A psicologia, seguindo os preceitos científicos e com base no modelo adotado pela medicina, desenvolveu estudos que envolveram rigorosa avaliação psicológica, com o propósito de comprovar a anormalidade das psico funções e das distintas modalidades perceptuais dos surdos. 
Como conseqüência destes estudos a psicologia constatou que a perda auditiva era a causa de numerosas condutas anormais no âmbito social, cognitivo, comportamental e emocional, concluindo que os surdos não se comportavam como a maioria das pessoas normais, enquadrando-os nos padrões da patologia.
Deste modo, tal qual a medicina, a psicologia absorveu o discurso clínico que cataloga e classifica o surdo como “enfermo” e o incluiu no rol das deficiências, descrevendo-o como “incapaz”, “impossibilitado”, “defeituoso”, “anormal”, “inferior”, enfim, resumindo-o a um par de orelhas não funcionais, além de descrevê-lo como portador de “audição defeituosa”, “deterioração auditiva” entre outras, culminando com a designação de “deficiente auditivo”.

Além da definição de “deficiente auditivo”, o discurso clínico também descreveu o surdo como “surdo-mudo” ou “mudo”, desconsiderando que o surdo não apresenta nenhum problema no órgão da fala (só não fala por que não escuta) e que não é mudo já que fala em língua de sinais. 
Este movimento denuncia o surgimento de uma “psicologia da surdez” que propôs intervenções a partir de um órgão tido como falho, que necessitava de reabilitação para “adaptação” ao meio. Esta identificação com o modelo médico levou a uma intervenção no corpo, no corpo da ciência, corpo onde a palavra não se inscreve, corpo sem verbo, sem metáfora, que responde com a procura minuciosa das causas orgânicas, deixando de lado o aspecto subjetivo, reforçando as manipulações puramente corporais do surdo, reduzindo-o a uma “orelha”, tornando-o um corpo máquina que precisa continuar funcionando a todo custo apesar de possuir uma peça defeituosa.  

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