Estudos indicam que a maioria das crianças que apresentam quadro de psicopatia não são produtos da má criação ou abusos por parte dos pais.
“Para o grupo (crianças) que possui traços de insensibilidade, existe uma forte vulnerabilidade genética,” diz Essi Viding, Professora da University College London.
A professora coordena estudos com crianças gêmeas que sugere que traços psicopáticos em crianças tem origem genética.
“Isso não significa que essas crianças nascem psicopatas ou estão destinadas a serem psicopatas. Mas da mesma forma que algum de nós somos mais suscetíveis a doenças do coração, estas crianças são pessoas mais vulneráveis a influências ambientais que podem ser um gatilho para a psicopatia,” diz a professora.
Segundo ela, entre um quarto e metade das crianças com problemas de comportamento são psicopatas, o que equivale a quase 1% de todas crianças do Reino Unido.
A pesquisadora criou um simples teste chamado “Teste Kevin” onde ela analisa reações emocionais em crianças. Ela, inclusive, realizou o teste na sua filha que tem apenas 1 ano e meio. Sabendo que fortes emoções são contagiosas em crianças pequenas, a professora fingiu, em frente à sua filha, chorar desesperadamente.
“Fiquei muito aliviada quando minha filha também começou a chorar. Eu não estou dizendo que uma criança é psicopata se ela não chorar diante deste simples teste, mas eu acho que é uma forma bastante crua de ver como o seu filho reage emocionalmente.”
Apesar de vários estudos apontarem a genética como um fator base do diagnóstico de psicopatia em crianças, o papel ambiental não fica de fora. Crescer em um ambiente familiar desestruturado e violento é o principal gatilho para um comportamento errante.
“O desenvolvimento da criança é fundamentalmente social. Crianças precisam se conectar através de relacionamentos,” diz o psiquiatra e professor da Universidade de Chicago James Garbarino, autor do livro “Lost Boys: Why Our Sons Turn Violent and How We Can Save Them (Garotos Perdidos: Por que Nossos Filhos Se Tornam Violentos e Como Podemos Salvá-los).”
Para James Garbarino, a maioria das crianças que matam são incapazes de se conectar. Com isso, a relação amorosa com os pais torna-se uma importante mediação entre a criança e o mundo exterior. Segundo ele, crianças podem se tornar angustiadas, desconfiadas, resistentes e raivosas se não se sentirem seguras em seus primeiros 9 meses de vida. Estudos mostram que crianças que se sentem seguras no lar familiar tendem a ser mais competentes na vida adulta, além de se ajustarem mais facilmente à sociedade. Seguindo esta linha do psiquiatra, a psicopatia infantil poderia ser inicializada nessa fase inicial e crucial da vida, principalmente ainda se existir uma predisposição genética.
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