Quase dois anos depois, todos ainda procuram respostas para o que aconteceu na tarde do dia 22 de Setembro de 2011 em São Caetano do Sul, estado de São Paulo, na escola Municipal Alcina Dantas Feijão. Nesse fatídico dia, às 16 horas da tarde, o estudante Davi Mota Nogueira, de apenas 10 anos, pediu para a professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, para ir ao banheiro. Ela deixou. Ao voltar, o pequeno Davi chegou atirando na professora com um revólver calibre 38 (arma do pai, um guarda-civil). Saiu da sala, colocou a arma na cabeça e puxou o gatilho. A professora sobreviveu aos disparos, mas o pequeno Davi não, ele morreu a caminho do hospital.
Começava ai uma história cheia de mistérios e contradições.
“Ele era a alegria do pai, um menino muito responsável, só tirava notas boas, até cuidava do irmão mais velho,” disse Maurílio Nogueira, o tio do garoto.
“Ela (Rosileide) dizia que o menino fazia brincadeiras violentas com os colegas, respondia de forma malcriada. E falou isso para a direção da escola. Acreditava que não devia estudar ali, mas em uma escola especial,” disse Luís Hayakawo, o namorado da professora atingida com o tiro.
Posteriormente, ao conversar com Rosileide, Luís voltou atrás na declaração.
“Era um menino educado e calmo,” disse uma vizinha de Davi.
Uma coisa é certa, vários colegas de sala de Davi ouviram o menino dizer que mataria a professora. Nenhum deles, porém, acreditou nele. Ou seja, Davi premeditou o crime. Outro fato interessante é que o pai de Davi sentiu falta da arma e foi até o colégio perguntar aos dois filhos (Davi e um irmão mais velho que estudava no mesmo colégio) se algum deles tinham pegado a arma. Diante da negativa dos filhos ele foi embora. Davi mentiu para o pai, algo que segundo o pai, ele nunca havia feito.
O caso Davi é muito complexo, mas deixe-me expressar minha opinião. Eu não sei vocês, mas eu não acho que uma criança que premedita um assassinato, o executa e depois dá um tiro na cabeça possa ser “normal”. Ele era um pequeno psicopata ? Nunca saberemos e é imprudente tentar traçar um perfil psicológico de alguém que não está aqui. Não podemos estigmatizar, mas também não podemos ser negligentes, ele tinha sim algum problema.
Há também um paradigma que deve ser quebrado. O menino era visto pela família como um garoto estudioso, calmo e tranquilo, mas tranquilidade, porém, não significa que ele tinha uma situação emocional estabilizada.
“Quando chega ao limite, a criança pode reagir com choro ou agressividade. Nesta caso específico foi a agressividade,” disse o psicoterapeuta Alessandro Vianna, especialista em comportamento infantil.
Outro indício que poderia levar à conclusão de que Davi sofria de algum transtorno foi um desenho feito por ele e encontrado dentro de sua mochila. O desenho mostrava ele com duas armas desenhadas e um professor. Acima dele havia a frase: ”Eu com 16 anos”
“Não tenho a menor dúvida de que alguma coisa estava acontecendo”, disse Elisabete Pimentel, psicóloga e terapeuta, em entrevista para a Rádio Jovem Pam.
Eu também não!
“O que a gente sabe é que ele não deixou resposta para o homem aqui na Terra. Ele levou com ele e não vai ter especialista ou investigação policial que vai saber o que aconteceu, ninguém”, disse o pai do garoto.
A investigação do caso foi encerrada sem conclusão.
“Ele levou a resposta com ele.” Disse a delegada Lucy Mastellini Fernandes.
“Crianças choram, os pais não vêem!” Foi uma pichação que surgiu no muro do colégio dias após o acontecido.
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